Conforme se desejava, o regresso a casa trouxe finalmente uma vitória ao New England Revolution, pois a equipa já não ganhava há cinco jogos, desde 8 de abril, altura em que derrotou o Houston Dynamo, por 2-0, também no Gillette Stadium. E no sábado à noite os Revs puderam celebrar o regresso a casa com uma goleada sobre o Real Salt Lake, por 4-0, num jogo que foi decidido nos primeiros 45 minutos.
Apesar da ausência de Juan Agudelo, melhor marcador da equipa, com seis golos, devido a lesão contraída durante o treino de terça-feira, o ataque do Revolution esteve altamente inspirado e começou cedo a carburar.
Por outro lado, o avançado Kei Kamara, que falhou os dois últimos jogos à espera do nascimento do seu primeiro filho, regressou à equipa e contribuiu para a vitória com um golo e uma assistência.
“Foi bom,” disse Kamara em relação ao seu regresso. “Falhei dois jogos fora de casa e por isso queria regressar, queria jogar, fazer parte da equipa, ajudar a equipa a conseguir aquilo que pretendíamos, que era ganhar o jogo. Hoje foi essa a mentalidade e por isso estou satisfeito por termos conseguido uma vitória assim tão importante.”
E o certo é que o ataque esteve mesmo em noite de inspiração porque conseguiu adiantar-se no marcador praticamente na primeira vez que foi à baliza visitante. Foi aos quatro minutos. Tudo começou num excelente passe em profundidade de Chris Tierney, na esquerda, que encontrou Diego Fagundez perto da linha final. Este parou bruscamente para evitar Reagan Dunk e depois cruzou rasteiro, na direcção de Kelyn Rowe, que chegou ligeiramente atrasado. Mas, atrás de si estava Scott Caldwell e o médio dos Revs atirou forte, levando a bola a tocar no guardião Matt Van Oekel antes de entrar.
Foi apenas o terceiro golo na carreira do jovem médio, curiosamente o segundo frente ao Real Salt Lake.
“Foi bom porque surgiu cedo e nós queríamos começar bem, e conseguimos,” disse Caldwell.
Curiosamente, a turma visitante até tinha tido mais posse de bola nos minutos iniciais e tornou a guardar melhor a bola a seguir ao golo. Mas, o ataque dos Revs estava inspirado e por isso o segundo tento surgiu pouco depois, aos 18 minutos.
Kei Kamara regressa aos golos
O Revolution já tinha estado perto do golo no lance que ditou o pontapé de canto, pois o cruzamento de Lee Nguyen por pouco não encontrou a cabeça de Kei Kamara, com a bola ser desviada pela linha final. Nguyen cobrou o canto e desta feita Kamara não perduou e desviou de cabeça, tornando a bater Matt Van Oekel com relativa facilidade.
O golo, o terceiro na temporada em curso, permitiu a Kei Kamara subir ao décimo lugar na lista dos melhores marcadores da MLS, com 89 tentos marcados desde que chegou à liga em 2006.
Os visitantes estiveram muito perto do golo aos 30 minutos, quando Omar Holness cruzou largo e Joao Plata apareceu solto junto ao poste direito a cabecear, mas o guardião Cody Cropper lançou-se bem e conseguiu desviar, com a defesa do Revolution a completar o alívio antes que surgisse a recarga.
Diego Fagundez estreia-se a marcar
E o terceiro golo para os donos da casa apareceu aos 34 minutos. Um excelente passe de Lee Nguyen isolou Kelyn Rowe, mas o médio dos Revs não quis rematar e, calmamente, preferiu cruzar rasteiro, permitindo assim que Diego Fagundez fizesse o golo com um ligeiro toque à boca da baliza.
Embora esteja a fazer uma temporada de grande destaque, este foi o primeiro golo para Fagundez em 2017.
“É uma sensação incrível, eu sempre disse que quando chegasse o primeiro golo seria um reforço de confiança, tenho estado a pensar nisso e eu disse ao Paul [Mariner], antes do jogo, que tinha que ser hoje,” disse Fagundez.
“Quando estás a jogar bem e não és recompensado perguntas o que é que estás a fazer errado. Mas hoje o Kelyn [Rowe] encontrou-me e foi só empurrar. Foi um daqueles que eu não podia falhar.”
E o Revolution até poderia ter feito um quarto golo, aos 38 minutos. Lee Nguyen cobrou um livre e encontrou Kei Kamara desmarcado na esquerda. Este controlou a bola, evitou Aaron Maund e depois, já na pequena área, embora de ângulo apertado, atirou torto e por alto.
Mas, o quarto chegou mesmo, volvidos três minutos. Scott Caldwell recuperou a bola à saída do seu meio-campo e lançou para Kei Kamara, no flanco esquerdo. Este caminhou em direção à grande área e simulou diante de dois adversários antes de deslizar rasteiro para Lee Nugyen. Este dominou com o primeiro toque e rematou com o segundo, rasteiro e colocado, fora do alcance de Matt Van Oekel.
Segunda parte para gerir o resultado
Com o triunfo praticamente assegurado, na segunda parte o Revolution preocupou-se mais em fazer a gestão do jogo, em tentar não sofrer golos, embora, aqui e ali, tenha conseguido criar mais algumas situações de perigo.
“A conversa ao intervalo foi para compreender que poderíamos continuar a ser agressivos, mas queríamos ser mais rigorosos defensivamente para não ficarmos expostos, ao mesmo tempo que mantínhamos a capacidade para atacar,” explicou o técnico Jay Heaps.
“Mas o mais importante foi a preocupação de não consentir nada. Na segunda parte, não houve nada de especial. Na primeira parte eles fizeram algumas coisas bem, mas corrigimos isso na segunda parte e conseguimos impedir que eles fizessem o que tinham feito bem na primeira parte.”
Aos 60 minutos, mais um excelente passe de Scott Caldwell permitiu que Kei Kamara aparecesse solto na grande área visitante sobre o lado esquerdo, mas Matt Van Oekel saiu decididamente para encurtar o ângulo e conseguiu desviar o remate do avançado do Revolution.
Para tentar alterar o cariz da partida, aos 62 minutos o técnico do RSL, Mike Petke, permitiu a estreia do jovem avançado venezuelano Jefferson Savarino, que chegou por empréstimo do Zulia. Com apenas 20 anos de idade, o jovem avançado já tem bastante experiência, pois obteve 22 golos e 12 assistências nos 48 jogos em que atuou na primeira divisão da Venezuela. Mas, a defesa dos Revs não lhe deu hipóteses de brilhar na estreia.
Com o jogo devidamente controlado, o treinador do Revolution, Jay Heaps, também foi ao banco, primeiro, aos 65 minutos, quando Daigo Kobayashi rendeu Scott Caldwell, e três minutos depois quando Kei Kamara cedeu o lugar a Femi Hollinger-Janzen.
Aos 76 minutos Daigo Kobayashi teve o golo nos pés, quando um ressalto fortuito permitiu que a bola sobrasse para si. No coração da área, rodopiou para evitar um adversário e depois rematou forte, mas muito por alto quando estava em posição para fazer melhor.
Jay Heaps esgotou as substituições aos 81 minutos, quando Je-Vauhgn Watson entrou para o lugar de Kelyn Rowe.
Aos 82 minutos foi a vez de Femi Hollinger-Janzen ficar na cara do golo. Solto na esquerda, recebeu um bom passe de Watson e rematou forte, mas Matt Van Oekel conseguiu evitar o golo com uma defesa aparatosa.
Satisfação pela conquista dos três pontos
No final da partida, foi bem visível o agrado pela conquista dos três pontos pois o triunfo permitiu que o Revolution subisse ao sétimo lugar.
“Foi enorme,” disse Diego Fagundez quando se referiu ao triunfo. “Acho que todos sabiam que precisávamos de ganhar este jogo. Do primeiro ao último minuto, todos deram tudo o que podiam dar. Especialmente depois daqueles dois jogos fora em que não conseguimos os resultados, tínhamos que vir para casa e conseguir resultados. É isso que queremos. Agora temos mais um jogo importante no domingo, por isso temos que nos preparar e estarmos prontos.”
“Absolutamente,” acrescentou Scott Caldwell. “É enorme especialmente por termos agora tantos jogos em casa, ajuda a recuperar a confiança para os jogos em casa e para seguirmos em frente. Temos mais um para a semana.”
Foi importante não ter sofrido golos
Com cinco golos sofridos nos dois últimos jogos, a defesa do Revolution precisava de uma boa exibição para recuperar a confiança e quando assim é nada melhor do que chegar ao fim do jogo sem sofrer golos.
“Foi muito importante,” reconheceu Scott Caldwell. “Ainda estamos todos recordados do que aconteceu em Seattle [desperdiçou vantagem de três golos nos últimos 15 minutos], tínhamos uma grande vantagem, mas depois sofremos um golo e demos nova vida à outra equipa, por isso tudo o que pudéssemos fazer para não sofrer nenhum golo seria importante. Isto mostrou que ainda poderemos melhorar para a próxima semana.”
“Durante o intervalo, o que mais discutimos foi a necessidade de não sofrer golos,” acrescentou Chris Tierney. “Quisemos entrar na segunda parte como se o resultado estivesse zero-zero, se marcássemos mais golos seria bom, mas a nossa principal prioridade era não sofrer nenhum golo e por isso foi um sucesso.”
Portanto esta vitória teve o equilíbrio ideal, não sofrer golos e marcar por quatro vezes. Para o técnico Jay Heaps o aspeto mais agradável foi a forma como os golos foram trabalhados.
“Foi o que me entusiasmou,” considerou Heaps. “Os golos foram OK, foram boas finalizações, mas as jogadas que os criaram foi o que realmente me entusiasmou. Penso que os rapazes estiveram muito dinâmicos, o primeiro passe e o segundo passe abriram espaços para o golo.
“Quando se fala de assistências, estamos a falar das jogadas e da forma como a bola é entregue. O bom futebol é isso mesmo, quando o último passe permite a finalização.”
“O ataque nesta equipa é bom pois não temos apenas um jogador que consiga marcar golos, conforme vimos no jogo desta noite,” acrescentou Kei Kamara. “Temos muitos jogadores que podem colocar a bola no fundo das redes, mas também temos que trabalhar em conjunto para ajudar aqueles que jogam por trás de nós, desde os médios aos defesas.”
O primeiro terço da temporada com avaliação mista
Este encontro colocou ponto final no primeiro terço da temporada. Para o Revolution foi um início com altos em baixos, com contrastes, pois nos cinco jogos em casa conseguiu 11 pontos, mas nos seis encontros em terreno alheio obteve apenas dois.
“Tem sido uma espécie de montanha russa, mas agora que começámos a jogar bem e se a nossa química continuar como foi hoje, não há nenhuma equipa que nos consiga parar,” indicou Diego Fagundez. “Temos que continuar a desfrutar e quando as oportunidades surgirem, temos que as converter e finalizar.”
“Posso dizer que estamos a melhorar, o que é importante, mas temos que continuar a melhorar,” acrescentou Chris Tierney. “Mesmo neste jogo em que ganhámos por 4-0, penso que na segunda parte ninguém jogou conforme gostaríamos, por isso há muito a melhorar. Mas, o que é agradável é que vamos ter muitos jogos em casa, temos muitos jogos contra equipas da nossa conferência e por isso vamos ter bastantes oportunidades de subir na tabela classificativa, que é o que pretendemos fazer.”
O Revolution torna a jogar no próximo domingo, dia 21, novamente no Gillette Stadium, frente ao Columbus Crew SC.